Parte 21

- Querido, eu preciso conversar com você, aproveitando que você está aqui. 
- Eu sabia, você nunca consegue esconder pela sua cara.

- Eu já te falei que a nossa netinha é linda? 
- Já e parece que você não sabe falar outra coisa! 
- Então, ela precisa ver o avô. Eu não posso continuar visitando a nossa filha sozinha, que alias, já tem um tempo que eu não vou lá ver como ela está. 
- Então vai lá ver como elas estão.

- AAAI MINHA SANTA PACIÊNCIA!! 
- O que foi mulher!? 
- Você tem que visitar a sua filha! Quando é que você vai fazer isso!? 
- E por que você não fala logo o que você quer!? Eu tenho que ficar adivinhando as coisas, mulher louca!

- Parece até que você não ama mais a nossa filha, querido. 
- Não é isso, eu só não tenho mais cara para olhar pra ela. 
- É só você me acompanhar amanhã. Eu sei que ela ficará feliz em te ver,poxa , não vá fazer feio outra vez fingindo que não está nem ai pra ela! 
- Eu não sei. Eu preciso pensar direito, não é simples assim, ela que fez coisa errada e não eu.

- Eu estou ficando de saco cheio dessa sua cabeça dura! Você não tem que ficar lembrando pro resto da vida quem errou ou não, esquece! E é melhor você me acompanhar ou eu vou te largar sozinho e vou morar com a nossa filha, que precisa muito de nosso apoio! 
- Está bem, eu vou fazer esse esforço por ela e por você. 
- Ainda bem, né homem?! Que coisa mais feia! 
- Tá, já entendi.

- Espero que você não me aborreça mais com suas idiotices, porque já chega ter tirado a minha vontade de comer agora. 
- Que isso mulher, senta aqui pra comer. 
- Tarde demais, não vou conseguir comer. 
- Me desculpe.

- O que é isso? 
- Eu não posso mais beijar a minha mulher?

- Espera Daniel, por que você faz isso? 
- Isso o que? 
- Isso, você sabe o que é. 
- Não sei não.

- Você me aperta forte sempre que estamos nos beijando. 
- Eu te aperto? 
- Sim, por que você faz isso? 
- Eu não sei, é sem querer, me desculpe.

- Sem querer, Daniel? Eu sei que é muito por querer. 
- Tá, então, eu paro se você não estiver gostando. 
- Pra sua sorte, eu gosto, seu danadinho! 
- Ainda bem que você gosta, porque eu não ia parar mesmo que você me pedisse. 
- E você sabe que eu sei disso? 
- Pelo jeito, você me conhece bem.

- Já está pronta para ir embora? 
- Já. 
- Ótimo, tentei não demorar pra não ficar mais tarde ainda. 
Vamos embora agora? 
- Por favor.

- Agora me fala, não foi ruim, foi? 
- Eu nem queria estar aqui. 
- Não pode ter sido ruim, eu nem te matei. 
- Por favor, eu quero ir embora pra casa.

- Mas é claro que você vai embora, minha delicia! 
- Pára por favor, eu não aguento mais ficar aqui. 
- Calminha, coisa linda. Você sabe que não pode contar pra ninguém o que aconteceu entre eu e você, não sabe? Eu posso muito bem ir atras da sua filha e dar um fim nela, ou fazer a mesma coisa que eu fiz com você, entendeu, não é? 
- Eu entendi, mas me deixa ir embora logo, por favor. 
- E é melhor você voltar pra trabalhar amanhã, você será recompensada. Eu não preciso nem dizer o que acontecerá se você pensar em sumir da minha vida, preciso?
- Chega, eu já sei que minha vida está um inferno. Mas me deixa ir embora!

- Você vai embora depois que eu beijar a sua boca maravilhosa. Me deixa provar mais do seu mel e sentir mais o seu calor, já que agora você será minha.

'' Caramba, a Mel está demorando demais, 
será possível que ainda tenha cliente naquele restaurante? 
A coitadinha até já dormiu, não aguentou esperar. ''

'' Eu não acredito que o celular dela ainda está desligado. 
Caramba, já está passando de meia-noite e nem sinal de vida da Mel.''

'' O pior é que eu começo a ter paranoias de que o chefe dela pode estar abusando dela agora mesmo. Acho que pelo fato dela ter me contado que ele olhou estranho pra ela no dia em que ela foi pedir emprego pra mulher que estava no restaurante.''

'' Pára de ser louca Laura, vai arrumar um namorado pra você, 
você sabe que está precisando de um homem decente. 
Nossa, tem tanto tempo que eu não arrumo um cara legal pra mim, 
agora eu quero namorar, é tudo de bom .''

'' Se bem que ele poderia aparecer aqui em casa e 
tirar um pouco a preocupação da minha cabeça, 
até porque eu preciso relaxar também, e ele sabe que 
ele pode me beijar a hora que ele quiser... ou não sabe? ''

'' Não, ele não sabe e eu estou ficando louca de vez! 
E tudo culpa da Mel que está demorando e 
eu por não ter o que fazer e fico imaginando abobrinhas 
estragadas.''

Cheguei em casa sem saber o que eu faria e falaria 
assim que eu passasse por aquela porta. 
O medo de acontecer alguma coisa com a minha filha 
me impedia de pensar direito, mas uma ameça 
sempre é perigosa e eu não queria arriscar 
com a pessoa que eu mais amava na vida. 
Mas ainda assim, o que eu deveria fazer... agora?

- Melissa, o que aconteceu que você demorou? 
- Tinha muita gente para atender. 
- Mas, você está bem? 
- Estou sim. 
- Olha pra mim, aconteceu alguma coisa? 
- Não, não aconteceu nada. 

- Você quer que eu prepare alguma coisa pra você comer, então? 
- Não, eu estou sem fome, eu preciso dormir. 
- Você está estranha, tem certeza que não aconteceu nada? 
- Laura, por favor, não se preocupe comigo. 
- Não tem como eu não me preocupar, você demorou demais para voltar pra casa. 
- Mas eu já voltei, então não se preocupe mais.

- A sua filha já está dormindo. 
- Eu também estou precisando dormir. 
- Então, qualquer coisa me chame, tá bom? 
- Não se preocupe comigo, Laura.

Diante de tudo o que eu passei, eu descobri que sou capaz de fazer qualquer coisa pela minha filha, sou capaz de morrer se for preciso. Algo que eu jamais pensei que seria capaz de fazer por alguém, eu fiz por ela. Que tirem a minha vida, a minha felicidade, mas ninguém a tirará de mim, ninguém.

Era quase impossivel saber o que estava doendo mais, se era a minha alma, ou se era o meu corpo, talvez estavam igualmente doendo. Era o resultado de tanto medo ao mesmo tempo em que ele me possuía, e de calar o meu desespero de tentar fugir, como se eu tivesse com o meu corpo amarrado e sem forças. Tais lembranças que rondam minha cabeça a cada instante, uma sombra do pesadelo que vivi. 

Eu precisava chorar, colocar tudo para fora, mas em silencio. Mesmo assim, ainda era pouco para aliviar toda a dor que fui obrigada a aguentar. Eu estava consciente de que eu precisava contar tudo para alguém, mas não sabia quando e como contar, e muito menos se era certo arriscar a vida da minha filha. 

Fui tentar limpar toda a sujeira que parecia estar presa em meu corpo, esperando que toda a angustia fosse embora pelo ralo do banheiro. Queria me sentir mais leve, para tomar as decisões certas, afinal, tudo isso estava me sufocando e pesando a minha cabeça.

'' O que eu faço agora, meu Deus? 
Eu não posso voltar para aquele lugar amanhã 
e viver tudo aquilo de novo, eu não posso. 
Me ajuda a ter coragem de contar tudo o que eu passei, 
por favor, eu sei que eu não vou aguentar mais. ''

'' Eu preciso fazer alguma coisa pra reconquistar a Melissa, eu não posso ficar perdendo tempo com a Camila, ainda mais que ela sabe que eu só estou com ela porque ela pediu, ela deve saber que eu não a amo. 
Mas o que eu posso fazer pra ter ela de volta? O que?''

'' Já sei! Vou procurar uma casa para tentar convence-la a morar comigo. Quem sabe assim ela volta comigo, se o que eu sempre quis é dar do bom o do melhor pra ela, e ela sabe disso.''

- Caramba, eu dormi muito e a Melissa já deve ter ido trabalhar. Nem me despedi dela, espero que ela tenha tomado café da manhã.

- Isabela, você já está com fome, não é mesmo? 
- ''A mamãe num quer acordar, plima.''

- Nossa, que estranho ela estar aqui, e ainda dormindo toda esticada... deve estar muito cansada. 
- ''Eu quelo a mamadelaaa!''

- Isabela, toma a sua mamadeira. Eu vou acordar a sua mãe e saber o que aconteceu que ela não foi trabalhar.

- Melissa, o que aconteceu? Você perdeu a hora? 
- Eu não estou me sentindo bem, Laura. 
- O que você tem, menina? 
- Nada, só dor de cabeça. 
- Sério? Pois eu acho que aconteceu alguma coisa e você não quer me contar. 
- Não aconteceu nada, eu já disse.

- Você está estranha desde quando chegou e não foi trabalhar... hum... vou ter que fingir que não percebi que aconteceu alguma coisa? 
- Laura, eu já disse que não aconteceu nada. 
- Hum, então eu vou lá tomar o meu café, ok? 
- Tá bom, eu já estou indo também.

'' Me ajuda, por favor, a Laura já está desconfiando e eu não posso contar, pelo menos agora eu acho que tenho que tomar cuidado.''

- Nossa, do jeito que você estava achei que iria demorar mais para vir tomar café. 
- Eu não sei se eu vou comer.

- O seu chefe não vai achar ruim de você ter faltado hoje? 
- Eu não sei. 
- Pode ser que não né, ele deve babar você se ele te olhou daquele jeito que você me contou. 
- Laura, eu vou tomar banho.

- Ah Melissa, tudo bem. Se você quer fugir de mim e não me contar nada, eu vou fazer o que? Nada. Ela nunca me conta nada mesmo. - disse sozinha.

'' Aiai, será que é o chefe dela que está ligando?''

- Alo? 
- Oi Laura, é a mãe da Melissa. 
- Oi, como vai a senhora? 
- Vou bem, querida. Eu queria falar com a Mel. 
- Ela está tomando banho. 
- Ah, então avisa ela que eu vou visita-la hoje.

- Que bom, ela vai ficar muito feliz em ver a senhora de novo. 
- Pois é. Mas ela está bem? 
- Está sim e já conseguiu trabalho. 
- Ah que bom. E a minha netinha, como está? 
- Muito bem também e bem espertinha. 
- Então logo a gente está ai, o meu marido também vai, eu consegui convence-lo a ir, sabe como ele é. 
- Que ótimo, já estava na hora dele ver a neta. 
- Pois é. Então tchau, querida.

- E então, como está a Melissa? 
- A Laura disse que está bem. 
- E a Isabela? 
- Também está bem, querido. Eu sabia que você não aguentaria ignorar a sua neta. 
- Eu me preocupo com as duas, mesmo que não pareça. 
- É, eu sei que no fundo você não é tão durão.

- Eu não sei como agir na frente da Melissa, ela deve ter magoa de mim. 
- Não se preocupe. E vê se não vacila com ela outra vez, porque hoje temos que ficar todos bem, e é a sua chance de fazer as pazes com ela. 
- Eu sei disso. E eu preciso conversar sério com ela sobre aquele rapaz, o pai da Melissa. 
- Eu não sei se ela vai querer falar sobre ele, porque eu já tentei e não consegui.

- Querido, eu estou tão feliz de ver que você está deixando de ser cabeça dura. 
- É que eu percebi que eu preciso valorizar mais a família que eu tenho com você. A Melissa faz falta aqui, ainda me lembro dela pequena correndo pela casa, brincando.

- O que você quer, meu filho? 
- Pai, eu queria te pedir uma ajudinha. 
- Ajuda? Para que? 
- Eu preciso resolver a minha vida de uma vez por todas.

- Eu quero comprar uma casa pra morar com a Melissa. 
- Mas você não está mais namorando com ela, está? 
- Por isso mesmo, eu quero convencer ela a voltar comigo. 
- E você acha que comprando uma casa, ela vai voltar com você? 
- Eu quero ter o que oferecer a ela, pai. 
- Entendi.

- Você não sabe que eu não posso te ajudar?! Por que você não consegue sozinho o dinheiro, meu filho? Você vai dizer pra ela que você pegou emprestado o dinheiro pra comprar a casa, achando que ela vai gostar de saber disso? 
- Pai, é que eu não sei mais o que fazer. Eu ganho pouco e a minha casa é muito pequena pra nós três.

- Eu não posso te ajudar, você que arrumou problema, então se vira. 
- Pai, por favor, eu vou te pagando, eu prometo. 
- Eu vou te emprestar a toa, porque eu acho que ela não volta mais com você, meu filho. 
- Nossa pai... eu... queria pelo menos tentar. 
- Já disse que não.

- Está bem, deixa pra lá... acho que você tem razão, ela nem quer mais saber de mim mesmo. É que eu estou desesperado demais e sonhando alto, me desculpe.

- Oi filho, que bom te ver por aqui. 
- É, mas eu já estou indo embora. 
- O que aconteceu? 
- Nada, só perdi o meu tempo vindo aqui.

'' O meu pai tem razão, ela não me quer mais, senão ela teria me procurado como ela já fez antes. Eu fui muito idiota e sem ter o que oferecer pra ela, já era. Mas eu não estou aguentando mais essa minha vida, não aguento mais ficar com quem eu nem amo, não sei mais o que fazer.''

- Querido. 
- Diga, querida. 
- Será que dá pra você largar esse livro? 
- Depende.

- O que aconteceu que ele saiu daquele jeito? 
- Ele veio pedir dinheiro emprestado pra comprar uma casa pra morar com a garota que ele nem namora mais. 
- E você disse o que pra ele? 
- Eu disse que eu não posso emprestar, claro. 
- E você acha certo dizer isso? 
- Claro, ele tem que aprender a se virar, não?

- Pois você não devia ter feito isso! Ele nunca nos procura, se você ajudasse ele, talvez ele se interesse mais pela família dele. Ele deve ter mágoa de nós, por não darmos nada a ele. 
- Então, o que você quer que eu faça? 
- Dê o dinheiro que ele quer como um presente, o que você acha?! 
- Calma, eu vou falar com ele.

- Eu só queria ter conhecido a moça, ela mexeu muito com o nosso filho. 
- É isso que me preocupa, não conheço ela. 
- Deve ser uma boa moça, querido. 
- Eu vou lá falar com ele, então.

- Filho, me desculpe, se levanta daí. 
- Tudo bem.

- Eu sei como é estar apaixonado pra valer, e sabe, eu decidi que eu eu vou te dar o dinheiro, não precisa me pagar depois. 
- É sério?! Valeu pai! 
- Só me diga o quanto você vai querer assim que você escolher a casa. 
- Eu pretendo deixar ela escolher. 
- E não precisa falar quem te deu. Eu só torço que você consiga reconquista-la, afinal você tem uma filha com ela. 
- Pode deixar e obrigado, pai.

- Vai lá filhão, qualquer coisa me procura. 
- Pode deixar. 
- Boa sorte. 
- Valeu!

- E ai amiga, você já conseguiu ter um momento love com o Vitor? 
- Não, infelizmente não. Por que? 
- Ah, eu só queria saber, você sempre quis isso. 
- Sempre, mas está difícil, mas ainda bem que vontade eu não passo.

- Uma hora o Vitor vai descobrir que você coloca chifre nele. 
- Só se você abrir a boca, porque eu estou tomando cuidado. 
- Vem cá, por que você insiste em ficar com o Vitor sendo que você nem gosta dele? 
- E quem disse que eu não gosto? 
- Você mesma disse, não lembra? 
- Ah, eu sei.

- Não vai me dizer que agora você está gostando dele? 
- Pois é, e eu estou preocupada porque eu acho que ele quer terminar comigo, ele não esquece aquela tonta. Eu tive que chorar pra ele ficar com pena de mim e namorar comigo, e pensei que ele iria esquecer ela, mas ele fica comigo com a cabeça nela. 
- Agora você vai chorar de verdade por ele, não vai? 
- Eu acho que é isso que já está acontecendo.

- Melissa, o que você está fazendo? 
- Nada, eu só senti vontade de passar creme... por que? 
- Porque os seus pais estão aqui pra te ver. 
- Desde quando? 
- Eu ia te avisar, mas parece que você dormiu no banho, talvez porque você não quer me contar o que está acontecendo. 
- Laura, eu já estou indo. 
- É, eu sei.

- Como vai, Laura? 
- Tudo bem e o senhor? 
- Tudo bem também. 
- Oi, querida, tudo bem? 
- Sim e com a senhora? 
- Tudo ótimo.

- A Melissa já está vindo. É que ela saiu do banho agora a pouco. 
- Vovó?

- A minha bonequinha mais linda, como é que você está, hein? 
- Bem e com saudade. 
- Ah que linda! A vovó promete não demorar pra te ver, tá bom assim? 
- ''Tá xim, vovó.''

- Vai no colo do vovô agora. 
- Ebaaa, a Isabela vai conhecer o vovô! 
- Que menininha linda é essa? 
- Hihihi 

- Será que a Melissa vai demorar? 
- Calma, eu acho que não. 
- É que eu estou com muita saudade dela. 
- Daqui a pouco ela aparece.

- Oi mãe, oi pai. 
- Até que enfim, sua mãe já estava ficando preocupada.

- Oh minha filha, que saudade de você. 
- Eu também estava, mãe. 
- Você está bem? Está precisando de alguma coisa? 
- Eu estou bem, não se preocupe com nada.

- Tudo bem, minha filha? 
- Tudo bem sim, e fico feliz que você tenha vindo, pai. 
- A nossa filha não está mais linda, meu bem? 
- Sim, ela sempre foi a nossa princesa mesmo. 
- Filha você não tem raiva de mim, tem? 
- Não, pode ficar tranquilo.

- Onde você vai? 
- Eu vou lá fora um pouquinho com ela. 
- Daqui a pouco eu vou arrumar o almoço, vê se não demora lá. 
- Tá, mas se você precisar de mim, me chama.

Eu resolvi respirar um ar puro pra esfriar a minha cabeça das preocupações, 
pois sei que se eu ficasse um minuto a mais perto deles, 
eu não conseguiria esconder mais e acabaria contando tudo.

- '' Vitor?'' 

Meu coração disparou na hora em que eu percebi sua 

presença e mais ainda de ver que ele estava me observando.

'' Eu tenho que ir lá falar com ela de qualquer jeito.''

- Melissa, eu preciso conversar com você. 
- ''Ai meu Deus, e agora?''

- Isabela, espera só um pouquinho. 
- Tadinha, ela é tão lindinha.

- Melissa, sabia que eu estava criando coragem pra falar com você? 
- Vitor, agora não é uma boa hora pra você estar aqui. 
- Por que? 
- Por favor, vai embora.

- Eu não posso ir embora. 
- O que você quer conversar comigo? 
- Sobre nós dois, meu amor. 
- É melhor você ir, eu não estou afim de conversar agora.

- Eu não vou embora, eu preciso de você. 
- Vitor, pára com isso. 
- Eu precisava sentir o seu perfume outra vez, precisava te tocar, eu já não aguentava mais. 
- Vitor, assim não, por favor. 
- Por que? Eu sei que você também me quer, não finja mais. 
- Não é tão simples assim.

- É claro que é simples, é só você deixar eu te beijar. 
- Vitor, por que faz isso comigo? 
- Porque sei que você também quer esse beijo. 
- Você está tão irresistível.

- Vitor, não faça isso. 
- Meu amor, eu te quero.

- Mas é que eu... 
- Volta comigo, vamos morar junto numa casa linda. 
- ''Será que eu devo aceitar voltar com ele? Ele está tão lindo e eu ainda o amo muito.'' 
- Melissa, fala alguma coisa, por favor. 

- Vitor, não é uma boa hora para você estar aqui, eu já te falei. 
- Mas por que? Está acontecendo alguma coisa? 
- Eu preciso resolver a minha vida, não posso voltar com você assim do nada. 
- Voce está namorando alguém? 
- Não, não é isso.

- Você já sabia que eu estava querendo voltar com você, não sabia? 
- Sim, eu sabia, mas não é tão simples assim, Vitor. 
- Se não é, então porque você deixou eu te beijar? 
- Eu não sei, talvez porque eu senti vontade. 
- Então, vamos voltar a namorar, precisamos recuperar o tempo perdido sendo felizes juntos. 
- Vitor, por favor, pára com isso. 
- Você não me ama mais, é isso?

- Eu amo, eu confesso que eu ainda amo e muito, mas isso não basta. Eu não consigo esquecer o que aconteceu com o nosso namoro, eu me decepcionei muito com você. A minha vida, Vitor, não é mais a mesma, e eu tive que fazer uma coisa que está me perturbando muito, a qual eu me arrependo, mesmo que eu não tivesse escolha.

- Como assim, Mel? O que você fez? 
- Vitor, eu não sei se eu posso contar.

- O almoço está pronto. 
- Oi, Laura.

- Eu precisava conversar com a Melissa. 
- Voces já se acertaram? 
- Não, está difícil ela me aceitar de volta. 
- Eu imagino.

- Eu preciso contar uma coisa a voces. 

- Ontem depois que eu sai do trabalho, o meu chefe me levou pra casa dele e me levou pra cama dele. Eu não tive escolha e não podia contar pra ninguém, porque ele me forçou e ameaçou me matar, ou matar a Isabela.

- Que história é essa?! Então você teve um caso com o seu chefe todo esse tempo?! Por isso que você não queria voltar comigo, porque estava se divertindo com outro, e ainda por cima, um louco pra te ameaçar de morte! Você nem estava pensando em mim, devia ser bom estar com ele!

- Vitor, não é isso, você não está entendendo! Ele me obrigou a ir pra cama com ele, ele ameaçou me matar ou matar a Isabela se eu não fizesse o que ele queria e se eu contasse pra alguém. Eu não sabia o que fazer, eu fiquei desesperada. Ele chegou a me enforcar quando eu tentei reagir, eu fiquei com medo.

- Meu Deus do céu!! Esse homem é louco?! Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa com você, primeiro porque você estava demorando pra voltar pra casa e depois porque você voltou estranha e estava assim até agora !

- Ele usou preservativo? 
- Eu não sei. 
- Por favor, me fala que usou, Melissa. 
- Eu estava tão desesperada que eu nem sei, Vitor! 
- Eu não acredito nisso, você deu mole agora. 
- Você quer parar com isso Vitor, por favor!

- Meu Deus do céu, isso é muito sério, e se você ficar grávida ou pegou alguma doença daquele homem, que vai saber o que ele faz da vida dele e com quantas, já que ele é safado. 
- Voces estão me deixando mais desesperada, por favor, parem com isso! Assim eu não consigo pensar direito.

- Por favor, não contem pra ninguém, porque estou com muito medo de acontecer alguma coisa com a Isabela. 
- Você devia ter contado isso logo. 
- Eu sei, mas eu estava com medo, eu ainda estou, mas eu não aguentava mais esconder isso, nem perto dos meus pais eu estava aguentando ficar, ter que fingir que eu estou bem sendo que eu não estou. 

- Você está com nojo de mim, não é? 
- Não estou. 
- Você não acredita que eu fui obrigada, não é? 
- Eu estou surpreso só isso. Deixa pra lá.

- Amiga, fica tranquila que a gente vai dar um jeito de resolver isso tudo, não precisa ficar assim. 
- Me desculpa por não ter contado antes. 
- Eu entendo você, não se preocupe. Depois que os seus pais forem embora, a gente resolve isso. 
- Está bem, obrigada por me acalmar.

- Vitor, você vem almoçar com a gente? 
- Não obrigado, eu vou embora.

- O que é isso, Vitor? Você está com ciumes? 
- Eu não esperava por isso. 
- Por que é que um homem não suporta saber que a mulher que ele gosta se envolveu com outro homem? 
- Não é isso, eu estou surpreso e preocupado. 

- Acho bom você lembrar que ela foi obrigada, coitada dela, será que você ainda não entendeu?! 
- Eu sei, mas também ela nem devia ter ido na casa dele, não é possível que ele tenha arrastado ela até lá com tanta gente que deve trabalhar lá, ela não poderia ter ido embora de outro jeito ao invés de ir no carro com ele?

- O que você está querendo dizer com isso?! 
- Que você devia ter tomado mais cuidado. 
- E por acaso eu ia adivinhar que ele queria se aproveitar de mim?! 
- Eu não sei, pode ser que sim.

- Escuta aqui, se você não entendeu a minha situação, vai embora agora! Eu não sou obrigada a aguentar mais essa sua crise de ciumes ou sei lá o que é isso que está te deixando cego e paranoico! 
- Calma! Esquece tudo o que falei.

- Eu não aguento mais, o que eu faço?! 
- Vitor, viu o que você fez com ela? Ela já tinha se acalmado.

- Melissa, me desculpe, por favor, eu não sei o que deu em mim, mas eu estou com você. 
- Obrigada Vitor, eu preciso mesmo de você do meu lado.

- Podem almoçar gente, eles já estão aqui. 
- Viu, querido. 
- É eu pensei que ela não viria almoçar com a gente.

- O seu pai concerteza vai me encher de perguntas. 
- E eu não sei se vou conseguir esconder a minha cara de preocupação.

- Já que esse moço sentou-se com a gente, eu vou querer saber uma coisinha. Será que eu posso? 
- Pode.

- Durante esses dois anos, eu estou querendo muito saber, o que foi que você aprontou com a minha filha que a deixou bastante abalada. Se for cachorrada sua, me escute bem, eu vou acabar com a tua cara. Será que eu posso saber o que foi que aconteceu?

- Calma aí, o senhor vai me desculpar, mas não gostei do jeito que o senhor falou comigo. 
- Eu falo pior então, se você não contar agora. 

- Só que eu acho que a hora da refeição não é para se bater boca. 
- É mesmo? Você não quer nos contar o que você aprontou? 
- Eu não aprontei e eu só falo se a Melissa quiser que eu conte o que aconteceu. 
- É porque você não tem coragem né, seu moleque!

- Pára com isso, respeite a casa dos outros, querido! 
- Eu só estou querendo saber, já que de outro jeito ninguém nos conta.

- Eu não estou aguentando ficar aqui e ainda por cima ver ele falar assim com você. 
- Calma, não tem problema. 
- Claro que tem, Vitor. 
- O que você vai fazer? 
- Eu preciso sair daqui. 

- Você entendeu, querido, se eles não quiserem contar, respeite isso. 
- Eu sei, mas eu me preocupo com ela. E eu preciso saber de todos os problemas dela para eu poder ajudar, é minha obrigação como pai.

- Eu vou lá falar com ela. 
- O que aconteceu? 
- Ela não está se sentindo bem. 
- Então vai lá.

- O que aconteceu que ela saiu daqui? Será que eu me falei demais? 
- Ah, ela não está se sentindo muito bem. 
- E por que não? 
- Ah, deve estar chateada por ter perdido o emprego dela.

- Eu queria poder ajudar, mas parece que ela não quer conversar. Eu fico preocupada com ela, eu sinto que ela precisa de ajuda, mas o que eu posso fazer? 
- Ah, não se preocupe, é isso mesmo que eu falei. 

- Melissa, não fica assim. 
- Vitor, eu não sei mais o que fazer da minha vida. 
- Se você ficar chorando não vai adiantar nada. 
- Eu queria contar para os meus pais que eu estava trabalhando.

- Você consegue outro emprego, não precisa ficar assim. 
- É que eu queria sair daqui, eu fico com pena da Laura, coitada, ela me ajudou tanto, não posso mais dar gasto pra ela. 
- Vem morar comigo, meu amor. 
- Vitor, eu não sei.

- Vamos comprar uma casa linda para nós trés, deixo você escolher, vamos? 
- Vitor, eu estou sem jeito de aceitar. 
- Não precisa, é só falar que vai morar comigo. Eu até já tenho o dinheiro pra comprar, meu amor. 
- Vitor é que a gente nem voltou a namorar... ainda. 

- Então vem, que a gente vai voltar agora. 

Vitor me pegou de um jeito tão forte, que suas mãos pareciam estar carregadas de segurança, me dando certeza de que eu quero estar com ele para sempre, e sentir sua respiração perto do meu rosto, estava sendo tentador.

- Volta pra mim, volta. 
- Claro que eu volto. 
- Então amanhã, vamos ver uma casa para nós morarmos. Pode ser? 
- Claro que pode. 
- Eu te amo, minha linda. 
- Eu também te amo, gatinho.

- Você não se cansa de lavar as mãos, não? 
- Eu vou mexer com comida, então tenho que lavar as mãos. 
- Pensei que você estivesse estressada. 
- E eu estou.

- Vem cá sua maluca, para que ficar estressada? 
- Amor, é que eu queria que você soubesse cozinhar pra mim.

- Eu não sei cozinhar, mas... ah deixa pra lá. 
- Não, o que você ia falar? 
- Que eu sei fazer outra coisa. 
- Eu imagino, você é assanhado demais. 
- Eu já falei pra deixar pra lá. 
- Mas eu não quero deixar pra lá.

- Então você quer brincar também? 
- Quero. Onde você vai comigo? 
- Se segura sua doidinha, senão eu posso te derrubar agora mesmo. 
- Credo, seu malvado.

- Eu sei o que você tanto quer. 
- Assim eu fico com vergonha, meu amor. 
- Até parece, você nem sabe o que é isso. 
- Acho que eu não sei mesmo. 

- Vitor e eu estamos namorando de novo. Não é, amor? 
- É sim, ela resolveu me aceitar de volta. 
- Filha, isso é ótimo. Eu sinceramente, já estava preocupada com a situação de vocês dois, e da pobre Isabela, que não poderia crescer com os pais separados.

- O que você fez, agarrou ela, foi? 
- Acho que sim, como que você sabe? 
- Porque era isso que você tinha que ter feito a muito tempo. 
- Laura, fica quieta. 
- Mas é verdade, eu sei.

- Eu fico feliz de verdade. E vê se cuida dessa criança direito. 
- Mas eu vou cuidar, não se preocupe, é a minha filha. 
- E cuida também da sua mulher, que eu espero que um dia vocês se casem. 
- Mas é claro, o senhor pode ficar tranquilo. 

- Filha, a gente já vai embora. Quando você quiser conversar ou desabafar me liga. 
- Acho que eu estou melhor agora, mas pode deixar que eu ligo. 
- Eu trouxe esse presentinho pra Isabela, ela vai gostar. 
- Ah, obrigada.