Parte 23

- Caramba, o Daniel não atende o celular por nada!

''Eu sabia que não devia terminar com ele, mas não sabia que ele não atenderia o celular. Agora ele deve estar se distraindo por aí de pirraça, ou esta fingindo que não está ouvindo tocar. Ele precisa aprender uma lição, mas tenho medo de ter dado a ele o que ele mais gosta, a liberdade.''

'' Por favor, some da minha vida, seu desgraçado! 
Eu odeio você, eu tenho nojo de você! 
Quando você vai me deixar em paz? '' 

- Mel? 
- O que? 
- Está tudo bem? Voce está quieta aqui no quarto faz um tempo. 
- Ah, eu estou bem sim, Laura. 
- Voce parece preocupada e pensativa. 
- Não é nada, eu só estou ansiosa. 

- O Vitor chegou, voce está pronta? 
- Eu já arrumei as malas, tá tudo pronto. 
- E voce deve estar louca para ir morar com ele, né amiga? 
- Ah sim, eu estou sim. 
- Tem certeza de que é isso o que voce quer? 
- Claro que sim, eu penso na minha filha. 

- Não falei que ele tinha chegado. 
- Vitor, voce chegou depressa.

- Meu amor, está pronta para conhecer a casa nova? 
- Mas a gente já pode ir para lá? 
- Sim, eu já comprei a casa e podemos ir a hora que a gente quiser. 
- Ah, então vamos. Eu já arrumei as malas, eu não trouxe muita coisa para cá mesmo. 

- Olha amiga, foi muito bom ter voce aqui em casa. 
- Eu também gostei, e voce me ajudou muito. 
- Eu vou sentir a sua falta, eu ficava tão sozinha aqui e vou ficar de novo. 
- Oh Laura, não fica assim, amiga. 
- Meu amor, voce pode vir aqui todo dia com a Isabela, não precisa se preocupar. 
- Vitor, a Mel era a minha irmã aqui, passamos por cada coisa juntas. Mas podem ir, eu que sou exagerada também.

- Então gatinha, vamos embora? Que tal, hein? 
- Ai Vitor, não fala assim. 
- Eu estou louco pra me acostumar com a nossa nova vida. 
- É, eu também.

- Que carro é esse, Vitor? 
- Aaah é segredo. 
- Como assim? 
- Eu não posso falar, só isso.

- Camila, atende esse celular, antes que você me mata aqui. 
- Deixa tocar, depois eu ligo de volta. 
- Não, é melhor você atender, anda. 
- Está bem.

- Amiga, é você? 
- Caramba, não fala que eu estou aqui Camila! 
- O que foi isso?! 
- Isso o que? 
- O Daniel está aí? 
- Não, por que? 
- Eu escutei a voz dele bem baixinho. 
- É impressão sua, eu estou assistindo televisão.

- Olha, se você ver ele, diga que eu quero conversar com ele. 
- Pode deixar, mas aconteceu alguma coisa? 
- Aconteceu, mas é até engraçado porque eu fui burra, só isso. Mas depois eu conto pra você. 
- Bom, então está bem.

'' Ai Daniel, eu espero que você não esteja fazendo coisa errada por raiva de mim... se você pelo menos atendesse o celular, já estaríamos conversando agora mesmo.''

- Daniel, você vai embora assim? 
- Eu vou e nem era para eu estar aqui. 
- Me desculpa qualquer coisa. 
- Ah é, eu não sei mesmo o que deu em mim!

Caramba, o que que essa mulher fez comigo?! Ela é perigosa! Eu sou muito louco mesmo e muito besta, não posso ficar encrencado com duas pessoas ao mesmo tempo, não mesmo!

Na casa nova 

- Eu já coloquei a Isabela pra dormir. 
- Ela dormiu calminha? 
- Sim, é que ela estava com sono, tadinha. 
- Que bom, porque eu quero te mostrar uma coisa, minha linda.

- E o que é? 
- Bem, é um lugar onde você vai ter o seu sono de princesa, e onde vai sonhar comigo e muito mais. 
- Seu bobo, você está falando quarto? 
- É sim sua bobinha.

- Eu te levo até lá, você vai gostar. 
- É nessa porta aqui? 
- É, se prepara. 
- Estou preparada meu bobinho.

- Nossa Vitor, é lindo demais. 
- Eu não falei que você ia gostar? 
- Nossa, sabe que já está me dando um soninho? 
- Mas eu não quero te soltar mais, sabia? Você é tão cheirosa, meu amor. 
- Vitor, eu quero tomar banho. 
- Tudo bem.

Eu sentia que o Vitor estava querendo se aproximar de mim, mas não sei se eu poderia agir da mesma forma.

Embora eu estivesse gostando de tudo o que estava acontecendo, eu não estava a vontade comigo mesma. 
Me sentia tão suja, quando tirava a minha roupa, como se eu estivesse prestes a viver o meu mais terrível pesadelo, uma sensação que me incomodava.

Me assustei ao ver que o Vitor ainda estava no quarto e deitado na cama. Talvez, ele esperasse que eu me vestisse na frente dele mesmo, como um casal normal faria.

- O que foi, meu amor? 
- É que... eu preciso vestir roupa, me dá licença? 
- Você tem vergonha de fazer isso na minha frente, meu amor? 
- Por favor, Vitor.

- Eu estava brincando, eu saio. 
- Obrigada, é que eu não sou acostumada com isso. 
- Relaxa, eu vou tomar banho também. 
- Vai lá, meu amor. 
- Você me promete que vai me esperar aqui? 
- Tudo bem, pode ser.

Por um instante, eu pensei que não era isso o que eu queria, estar aqui com o Vitor. 
A minha vida mudou tanto que eu começo a achar que não existe mais amor em mim por ele, apesar de me sentir segura quando estou nos seus braços.

'' Por que um sentimento tão doce como o amor, pode ser tão confuso para mim? Já errei uma vez quando eu disse que não te queria, e não quero cometer outro erro. 
Eu sei que eu tenho que contar o que aconteceu para ele, mesmo sabendo que ele vai querer ir atras dele e acertar as contas. ''

- O que você faz aqui fora nesse sereno? Está tudo bem? 
- Não, não está tudo bem. 

- Então, olha pra mim e fala o que está acontecendo! 
- Promete que vai ficar calmo, por favor, eu não quero que aconteça nenhuma tragédia. 
- Aquele sujeito, é por isso que você está assim, não é? 
- Vitor... ele correu atras de mim na rua, me agarrou por trás e disse que eu fui uma traidora por ter faltado no emprego. 
- Ele fez alguma coisa com você? 
- Não, porque eu gritei e muita gente começou a olhar, o que fez com que ele saísse correndo, mas ele disse que isso não ficaria assim.

- DESGRAÇADO! Eu vou arrebentar a cara desse sujeito canalha! 
- Não faça nada, pode ser perigoso. 
- Eu não quero saber de mais nada, só de acabar com a cara dele e você não vai me impedir! 
- Era melhor eu não ter contado pra você. 

- Me desculpa, eu não queria aumentar o tom da minha voz. 
- Por favor, tenha paciência, você não sabe como ele é nervoso. 
- Eu vou tentar, mas nada vai fazer passar essa minha vontade de brigar com ele. 
- Mas tenta se acalmar, tenta. 
- A policia tem que saber sobre isso, você sabe disso. 
- Eu sei, mas não será agora, já está tarde.

Pela primeira vez eu iria dormir ao lado de Vitor, eu estava feliz e ansiosa ao mesmo tempo, depois de tudo o que aconteceu, eu pensei que nunca mais teria vontade de ficar perto dele. 

- Meu amor, amanhã eu vou trabalhar, você vai ficar bem aqui? 
- Claro que vou, eu tento me acostumar logo com a casa nova. 
- Então, eu quero aproveitar esse tempinho com você. 
- Aproveitar como? 
- Vem pertinho de mim, eu estava com muita saudade de você. 
- Ah Vitor, é melhor não, eu quero dormir.

- Eu não estou me sentindo muito bem. 
- Está bem, você não gosta mais tanto de mim. 
- Eu estou com o corpo e mente cansada, por favor, será que dá para entender? 
- Claro que dá, me desculpe.

Eu realmente não estava afim de receber nenhum carinho dele, eu sei que isso poderia o deixar chateado, mas eu não poderia fingir algo que não aconteceria da minha parte. 

'' Melissa, não me faça entender que você não me ama mais, porque eu não quero pensar nessa possibilidade.''