terça-feira, 10 de abril de 2012

Parte 01


Durante esses sete anos que se passaram, ninguém, mas ninguém mesmo foi feliz. Muitos tentaram simplesmente seguir em paz, outros, nem ao menos conseguiram tentar, por alguns sentimentos e por um motivo... a justiça precisa ser feita. A justiça será feita? Talvez, afinal, muita coisa ainda precisa ser esclarecida e resolvida na vida de cada um. 


Não sinto mais o seu carinho como antes, você parece estar distante, querendo fugir desse mundo em que me trouxe. Não quero que vocês briguem por nada, nem por mim, eu só quero ser feliz com os dois ao meu lado. Não aguento mais, por favor, parem de discutir e de fingir que eu não sei que algo está errado por aqui.


Não faça de conta de que ele não está por perto, e tenha paciência se não conseguir entender-la. O que houve com o amor de vocês? 

- Melissa, precisamos conversar sobre essa sua ideia. 
- Já conversamos, por favor, não começa outra vez.


- Acho bom você entender que eu também preciso trabalhar. 
- Eu sei, meu amor, é que seria melhor se você cuidasse do nosso filho. 
- Ele já tem cinco anos, não precisa mais tanto de mim. 
- Então, eu vou ter que me acostumar com essa ideia absurda!


- Absurdo é você querer que eu fique enfiada em casa! 
- Você parou pra pensar que eles podem sentir a sua falta? A Isabela parece que anda triste, não quer nem estudar, então não piore as coisas, só porque você está cansada de tudo! 
- Grita mesmo, ela vai ouvir outra vez a gente discutindo! 
- E daí?! Ela precisa saber que você não me ama mais ou que está fingindo!

- Vitor... não é nada disso e você sabe muito bem. 
- Não, eu não sei... você é tão fria comigo que parece que eu morri pra você. 
- Não percebi que chegou a esse ponto... me desculpe. 
- Pois chegou e eu não estou aguentando mais.


O quarto de Isabela fica ao lado da cozinha, então ela ouviu toda a conversa. Sempre que escutava uma discussão, se esquecia na hora de que era uma criança, e se preocupava no risco de sua família se desfazer, porque esse era o seu medo. Eles nunca contaram sobre tudo o que sofreram, Melissa nunca conseguiu esquecer e mostra isso do seu jeito, o que deixa Isabela ainda mais confusa.


- Vou trabalhar, antes que eu perca a hora. E eu espero que você não se esqueça de que não fui eu que morri pra você querer desistir da nossa vida juntos... não me abandone.
















''Abandono?''

Essa palavra a deixou em silencio, pois era exatamente o que estava fazendo, inconscientemente. 

- Não deixe a Isabela perder a hora da escola.- disse sem se despedir.



- Mãe, o papai já foi trabalhar? 
- Acabou de ir, minha filha? 
- Sem se despedir de mim? Vocês vão se separar?! 
- Isabela, ele estava com pressa. 
- Mentira! Vocês vão se separar, não é? Eu ouvi mãe!


- Não vamos nos separar, meu anjinho, fica tranquila. 
- Ainda bem, eu estava com medo. 
- Agora eu vou atender a porta. 
- Está bem, mãe.


Ao abrir a porta, uma surpresa. 
- Você?! O que você quer aqui?


- Olá Melissa, estou aqui pelo meu filho. 
- Então, ele é seu filho, é? Ah, pode entrar, vem.



- Olha, o André gosta tanto da sua filha que eu tive que trazer ele. Será que eles poderiam ir para a escola juntos? 
- Ah, tudo bem, até porque ele já esteve aqui varias vezes. 
- Ótimo, eu preciso sair, vou deixar ele aqui. 
- Tudo bem, a Isabela já está pronta.


- Ah que bom, então, eu vou lá ver a Isabelinha.


- Você sabia que eu viria, por isso se escondeu no quarto, não é? 
- O que você quer? Eu não quero ir pra escola com você.


- Você sabe o que eu quero! Eu quero que você namore comigo, sua lerdinha! 
- Eu já falei que eu não quero, me deixa em paz. 
- Por que você não quer? 
- Eu vou contar pro meu pai, André.


- Conta mesmo! Esqueceu que eles vão se separar? Vai ser por sua causa, vão enjoar de você! 
- Não, minha mãe disse que eles não vão se separar.


- Então eu vou quebrar todos os seus brinquedos, suas bonecas! 
- Pára com isso! 
- Não vou parar, só se você gostar de mim, menina! 
- Nunca! Você é chato, me deixa em paz!


- Crianças, vocês estão brigando? 
- Não, mamãe. 
- Então, vão para a escola, está na hora! 
- Já estamos indo, mãe.


- E se comportem, nada de brigas e gritos, entenderam?! 


- Adoro essa academia, só detesto ter que retocar a maquiagem. 
- Mas você já é bonita, até consegue vários gatinhos. 
- É, só que agora eu estou namorando. 
- Eu também queria um namorado.


- E por que você não arruma um namorado? 
- Porque não sou bonita que nem você. 
- Laura, você não é feia, já te falei isso, só precisa se mostrar mais, deixar de ser tímida. 
- Não consigo, porque quem eu quero, não me quer.


- O Daniel é um safado mesmo, fica louco com mulher fácil, por isso que ele está com a Camila. Passei muita raiva quando namorei com ele, porque ele ficava olhando as outras na maior cara de pau. 
- Quer saber? Nem sei porque sinto vontade de ficar com ele. 
- Você gosta dele, e apesar dessas cosias, ele é um bom homem. 
- Pena que ele nem pensa em mim.


- Me sinto uma idiota... vamos embora? 
- Espera, não fica assim, Laura. 
- Me diz, por que não aparece algum cara que me queira? 
- Primeiro goste de você mesma. 


- Não fica assim, Laurinha. Olha, eu vou te ajudar a conquistar o Daniel... sei que não vai ser difícil, se vocês até já se beijaram. 
- Obrigada Daiane, por querer me ajudar. 
- Vou ajudar mesmo, ela nem gosta dele! Ele é seu, amiga.


- Já chegou, minha princesa? 
- Você estava me esperando, é? 
- Claro, quero conversar com você... princesa. 
- Ah, sei... sei o que me espera. 


- Então fala logo, o que você anda fazendo? 
- Nada, só gosto de sair muito mesmo. 
- Você arrumou emprego e não me contou nada, não é? 
- Não, eu já disse que só sai pra esfriar a cabeça, muitas vezes mesmo, só isso.


- Daniel, chega de pensar que eu estou escondendo algo de você, porque não estou. Confia em mim, por favor.


- Então vem, que eu sinto a sua falta, mulher! 
- E o que você quer fazer? 
- Vamos para o quarto que eu te mostro. 
- Então vamos, seu danadinho.


Os dois foram para o quarto e como sempre, uma vontade incontrolável de sentir o calor do outro, tomava conta de seus corpos, que já estavam se entregando.


- Oi, Carla. Quase me atrasei. 
- Ainda bem que voce chegou, eu já estava ficando preocupada com voce.


- Eu queria chegar mais cedo, mas não consegui- disse enquanto se sentava. 
- Aconteceu alguma coisa? 
- Não. 

Carla se sentou ao lado de Vitor e suspirou. 

- Não é o que parece.


- Olha, eu sei que aconteceu alguma coisa. Você não consegue mais se concentrar no trabalho, está nervoso e atrapalhado. 
- É a minha mulher... acho que ela não me ama mais, ela está estranha comigo, fria e fechada.


- Você precisa ter paciência e tentar conversar com ela. 
- Acho que a culpa é minha, as vezes eu penso que ela deveria ter ficado com o amigo dela, que já faleceu, ele sempre a amou, e ela ficou sabendo tarde... não sei, ou eu não soube faze-la feliz.


- Eu sinto muito. 
- Por que está chorando? 
- É que... terminei um relacionamento a poucos dias e ainda está doendo... sei como se sente. 
- Ah, mas não fique assim, você é atraente, vai arrumar outro.


- Obrigada Vitor, sempre soube que você seria bom pra mim, nesse momento difícil que estou vivendo. 
- Então, acho que podemos desabafar um com o outro, sempre. 
- Mas é claro que podemos.- disse alisando o braço de Vitor. 

Vitor estava confuso com o que estava acontecendo, ela o encarava nos olhos e ele se sentia preso por eles.


Vitor sentia o rosto de Carla cada vez mais perto do seu e seus dedos apertando a sua nuca.

- O que é isso? 
- Quero saber se rola com você, gatinho.
- Não vai rolar... não pode.
- Ah... então, tudo bem.


- É melhor começarmos a trabalhar, com licença.
- Tem razão, me desculpe.

Vitor se levantou, seguindo em direção a sua mesa, e Carla continuou sentada, observando ele se afastar.


- Olha Carla, eu sei que você não queria fazer isso, então tudo bem, esquece.
- Pode ser, só não quero que você fique com raiva de mim. 
- Então anda, senão você ficará atrasada.
- É mesmo.


Cada um estava em sua mesa, mas Carla fingia estar mexendo no sapato e aproveitava para encara-lo, ela sempre fazia isso, e isso sempre o deixava sem jeito. 

- Bom trabalho pra você, Vitor. 
- Obrigado, pra você também.


- O Renato está vindo para cá, aquele fofo! 
- Você ama ele mesmo, não é? 
- Claro, ele é bem diferente do Daniel, é mais maduro. 
- Ah, mas você vai ver como eu vou dar um jeito no Daniel, espera só!



- Estavam falando de mim? 
- Meu amor, nem ouvi você chegar! 
- Cheguei na hora errada? 
- Não, estávamos esperando por você, mesmo.


- Ai, meu docinho de coco, te amo tanto. 
- Também te amo, coisa linda! 

Os estalos do beijo estava irritando a Laura, que praticamente ficou esquecida ali, tendo que ouvir a melação do casal.


- Então, voces vão comer alguma coisa? 

Distraídos, balançando a mão um do outro, nem ouviram a pergunta que Laura fez. 

- Aí, que droga!- reclamou baixinho.



- Meu amor, a Laura disse que vai cozinhar para nós. 
- Hum, delicia, estou com fome mesmo. 
- É, vou cozinhar mesmo, enquanto voces se melam todo com esse namoro.



- AH, DROGA! DESGRAÇADO! 
- O que houve, Laura?- perguntou Renato assustado. 
- Derramei todo o leite na mesa... não acredito. 
- Nossa, amiga, você é bem desastrada, hein filha!


- Por que não pedimos uma pizza?- perguntou Renato. 
- Tem razão, afinal, estou sem jeito para cozinhar, vocês viram. 
- Então, nós vamos esperar a pizza no quarto. 
- Ah, podem ir.


- A sua amiga está bem? 
- Está sim, ela é louca daquele jeito mesmo. 
- Vem dançar comigo! 
- Só um pouquinho, não curto muito dançar.


- O que você está fazendo, Renato? 
- É que eu não quero dançar, quero é você! 
- Espera, você está me empurrando. 
- Eu sei, fica quietinha. 


Melissa estava no seu quarto, pensando nas coisas que aconteceram. Sabia que seu casamento não estava bem, mas não sabia o que fazer, por mais que tentasse erguer a cabeça e sorrir, não conseguia, não era sincero, mas não aguentava mais pensar que uma hora ou outra, Vitor faria de tudo para saber o que estava acontecendo, então não saberia responder. As lembranças de uns dias atras estavam passando pela sua cabeça neste momento.


- Obrigada por me ajudar, Bruno. 
- Não precisa agradecer, eu faço qualquer coisa por você, só isso. 
- Que bom que você me entende, não tenho ninguém assim. 
- Pode contar sempre comigo, nunca se esqueça.


- Nunca me esqueço, e é por isso que te conto todos os meus problemas, porque você se mostrou disposto a me entender, nem sei como agradecer. 
- Não precisa, só continue sendo essa pessoa maravilhosa que você é. Sabe, se você achar que vale a pena tentar ficar bem com o Vitor, eu vou torcer por voces, sem pensar..


- Tenho que ir, da próxima vez, talvez eu venha para trabalhar. 
- Que pena, queria tanto que você ficasse mais um pouquinho. 
- Não posso, não quero que ele descubra que eu estive aqui, procurando emprego. 
- Tudo bem, mas converse com ele, você precisa convence-lo. Boa sorte!


- Espera, estou esquecendo de uma coisa. 

Na mesma hora em que Melissa se virou, Bruno foi abraçando-a.


- Outro dia eu volto para dizer se vou trabalhar aqui com você. 
- Tem que trabalhar, convença ele, vou estar te esperando. 
- Até logo, Bruno. Nos vemos outro dia com alguma novidade.


- Até logo, meu amor, vou esperar pela novidade, e por você.


- Tenho tanto medo de estar cometendo um erro. Acho melhor me distrair um pouco e esquecer que estou com problemas.



- Adrian, meu filho, o que você esta fazendo? 
- Estou procurando o navio que ganhei de aniversário. 
- É que eu vim te chamar para jogar no computador, você não quer mais? 
- Ah claro que quero, mamãe!


- Você adora mesma jogar, não é filho? 
- Lógico! Olha esses monstros, vou acabar com todos! 
- Seu pai nem deixaria você jogar hoje, mas isso fica só entre a gente. 
- TOMA! TOMA SEUS MONSTROS IMUNDOS!


Melissa olhou para o relógio, se assustou, nem viu a hora passar e se tocou da ausência de Isabela. 

- Meu Deus do céu! Onde estará a Isabela? Ela já deveria ter chegado da escola a muito tempo.


- Daqui a pouco o Vitor chega e a Isabela na rua, meu Deus! 
- Mãe, deixa para lá, senão ela não vai me deixar jogar! 
- Não, meu filho, ela não pode fazer isso, já deveria estar aqui! 
- Ah que droga!


Ela esperou e esperou, e Isabela não atendeu o celular. 

- Ela não atende. 

''O que será que aconteceu?''


- Volta aqui Isabela! 
- Me deixa em paz André! Me deixa! 
- Pedi que parasse de correr, sua tonta! Agora você vai ver só uma coisa! 
- Tenho que ir para casa, André!


- CASA?! Voce prometeu que ficaria na rua comigo até tarde! 
- Mas agora eu preciso ir embora, não quero preocupar meus pais. 
- Que pais? Eles vão se separar, como você falou! Eles nem gostam de você, se toca! 
- Não, eles me amam. Não tenho culpa se você não tem uma família que nem a minha, André!- disse com as mãos no rosto, chorando. 
- Se você contar que a ideia foi minha, eu te bato!- ameaçou com uma mão para cima. 
- Eu sei, não vou contar. 


- MENTIRA! 

André agarrou o corpo de Isabela empurrando-a para o chão. 

- Não é mentira!


- Ai, minhas costas! Vou contar para o meu pai, André! 
- Ah, vai é? Vou ter que te bater outra vez, então!


- Eu te odeio, André! Te odeio! 
- Vai, corre mesmo, sua cagona! Nem ligo, pode me odiar mesmo!


Vitor chegou do trabalho, tomou banho e foi para o quarto. Melissa ainda nem tinha visto ele, por ele simplesmente ter ficado quieto, pelo o que rolou entre eles, hoje mais cedo. 

- Vitor, que bom que chegou. 
- Nem via a hora, estou com dor de cabeça. 
- Olha... precisamos conversar. 
- Também acho, Melissa.


- A Isabela ainda não voltou da escola. 
- Não?! Mas por que? 
- Não sei, já liguei para ela, mas ela não atende. 
- Quando ela chegar, ela vai ter que explicar essa demora.


Por uns segundos, eles ficaram em silencio, se olhando. 

- O que foi, Vitor? 
- Sinto sua falta, não quero mais ficar discutindo com você.


Vitor agarrou Melissa e a beijou, já não faziam isso a alguns dias devido as discussões e falta de tempo. 

- Me diz... estamos bem outra vez, hein? 
- Acho que sim, Vitor, também não quero ficar brigando com você, de verdade.


Um barulho de porta batendo com força interrompeu a conversa dos dois. 

- Será que é a Isabela que chegou? 
- Mas ela não bate a porta desse jeito. 
- Vou ver se ela chegou. 
- Vai lá, que eu ainda preciso vestir alguma roupa.


- Filha! 

Isabela continuou a andar em direção a porta de seu quarto e depois fechou a porta na cara de Melissa. 

- Isabela, precisamos conversar!


- O que está acontecendo, filha? 
- Nada, mãe, nada não. Por que?


- Como por que?! Você demorou horas para voltar da escola e nem avisou nada! 
- Esqueci de avisar, me desculpe. 
- Onde você estava? 
- Na praça com o André.


- Isabela, que história é essa de você chegar tarde em casa?! 
- Pai... eu não queria, eu juro.


- Onde você estava?! 
- Na praça com o André. 
- E por que não avisou?! Sua mãe deve ter ficado louca aqui sem noticias! 
- É que ficamos brincando e nem vi a hora passar, não queria demorar tanto, papai.


- Você deveria ter mais juízo, é mais velha do que ele, e os pais dele devem ter ficado preocupados também. 
- Vitor, deixa para lá, crianças são assim mesmo. 
- Tenho que atender, é da casa do André, deve ser o Daniel. 
- É que ele deve ter chegado agora, também.


- A Isabela acabou de chegar também. Não, está tudo bem, Tchau! 
- Pai, era o Daniel? 
- Era, e estava preocupado com você.


- Estou com dor de cabeça, será que você poderia resolver isso, amor? 
- Não, pai, não precisa resolver mais nada, eu prometo que não faço mais, prometo.


- Ainda bem meu anjinho. Só queremos o seu bem, e nos preocupamos com você, entende? 
- Eu sei papai. 
- Então vou acreditar que você não voltara a fazer isso, está bem? 
- Pode acreditar e me desculpe.


- Papai pode ir descansar agora? 
- Não. É que eu quero um abraço bem forte! 
- Minha bonequinha, te amo tanto. 
- Também te amo, papai.


Melissa que estava calada todo esse tempo, foi saindo do quarto ainda quieta, com passos lentos. Vitor a olhava esperando alguma coisa, mas ela foi desviando o olhar, e ele percebeu sua atitude, e mais ainda a Isabela, que olhou para os dois e tudo pareceu estranho, um clima ruim, outra vez.


- Papai, está tudo bem com a mamãe? 
- Acho que sim, não se preocupe. 
- Mas ela saiu estranha daqui. 
- Mas não é nada, ela deve estar cansada.


- Vou descansar, boa noite Isabela! 

Isabela não conseguiu responder, estava segurando o choro, só esperando Vitor sair pela porta.


'' Por que não falam logo o que está acontecendo, por que?'' 

Seus pensamentos eram preocupações, novamente, pois sentia que algo ruim estava acontecendo. Deitou na cama e ali ficou, deixou uma lágrima escorrer, e tentava impedir as outras.


Vitor empurrou a porta que estava só encostada, devagarinho e logo viu Melissa perto da janela, olhando para fora, parecia estar distante. A observou por alguns instantes, até resolver se aproximar.


- Está tudo bem, minha linda? 
- Está sim. 
- Olha eu sei que você deve se sentir sozinha aqui, mas estou pensando sério na sua ideia de trabalhar fora, não se preocupe. 
- Vitor, eu queria que você não tivesse que pensar, não tem necessidade disso.


- Tudo bem, então pode trabalhar no salão. Quero que você seja feliz, e se é isso que você quer, tudo bem. 
- Agora me surpreendi com a sua decisão tão rápido assim. 
- Então, me fala está com saudade de mim, como eu estou de você? 
- Claro que estou, meu amor.


- Então vem matar essa saudade, vem. 
- Não, Vitor. 
- Que? 
- Melhor não.


- Ah Melissa, você não gosta mais de mim, não é? 
- Já falei que não é isso, eu só não me sinto bem. 
- Você gosta de outro? É isso? Por que você está tremendo toda, e sempre foge de mim. 
- Outro? Não! Não é isso!


- Então olha para mim e fala que me ama! Você pode?! 
- Não é assim que funciona. 
- Fala que me ama, agora mesmo! Chega de virar os olhos para mim! 
- NÃO AMO!- disse ao mesmo tempo em que dava um tapa na cara de Vitor. 


- Vitor... me desculpe, eu não queria fazer isso. 
- Você... você disse que não me ama.


Não, eu não queria dizer isso, eu fiquei nervosa com você segurando o meu braço!
- Você queria esconder isso de mim, não é?
- Não! Esquece o que eu falei, eu estava nervosa!
- Isso não existe, Melissa! Acontece que você não me ama mesmo!


- Não, Vitor!

Melissa tentou impedir Vitor de sair pela porta, mas era tarde demais, ele estava muito nervoso e concerteza bem chateado pelo o que ouviu. Ele bateu a porta tão forte que fez vento nos cabelos de Melissa, uma sensação de arrependimento e culpa.


Vitor queria esfriar a cabeça, sabia que se ficasse lá mais um pouco, cometeria um erro, já que fazia tempo que não conseguia suportar e entender as atitudes de Melissa, já estava complicado para ele. Saiu com a roupa do corpo e montou na sua moto, ainda sem saber para onde iria.


Acelerava a cada aperto que sentia em seu coração, sua garganta doía por segurar o choro, e o vento soprava em seu rosto, trazendo uma sensação parecida com uma que já sentiu uma vez, quando montado na moto, um pouco perdido, corria bastante, querendo de qualquer jeito, se aproximar de Melissa e não podia, agora pode mas alguma coisa o impedia de querer, talvez o rancor ou o orgulho.


Parou numa pracinha da cidade, perto de um lago, agachou e suspirou. Estava um silencio, embora os saltos dos peixinhos, o canto dos grilos soavam baixo. Sentou observando o pequeno movimento da água feito pelo vento calmo e frio. Buscava uma calma para si, seus pensamentos começaram a se esconder e a se calar, deixando-o mais preparado para voltar para casa, e era isso o que ele queria fazer agora.


Isabela assustada, entrou no quarto de seus pais já procurando pelo Vitor.

- Mãe, onde o papai foi?
- Ele saiu, meu bem, logo ele volta.


Era impossível esconder algo de Isabela, e claro que ela percebeu que sua mãe estava preocupada. A olhava com seus olhos cheio de lagrimas, esperando que dissesse a verdade.

- Mãe, vocês brigaram de novo... eu escutei do meu quarto.


- Mãe, fala alguma coisa.
- Foi só... uma discussão boba, não devia se preocupar.
- Por que discutiram?
- Não é nada, seu pai quis sair de casa um pouco e saiu.


Isabela enxugou os olhos com o desespero que sentiu.

- Mãe! Por que deixou ele sair de casa?! Por que não segurou ele?! E se ele não voltar mais?!
- Minha filha, ele vai voltar.


- Se ele não voltar ou se vocês se separarem, eu juro que fujo de casa.
- Filha...
- Mãe! Eu não estou brincando, eu fujo de casa!

Isabela olhava firmemente para os olhos de Melissa, e ela teve a certeza de que sua filha estava sofrendo com as discussões. Por um instante, a enxergou como uma mocinha que sabia o que queria, e sentiu medo de sua ameaça.


Até que ela se levantou e saiu correndo. Agora, Melissa sabia que precisava fazer alguma coisa, ou perderia a sua filha. Ela não merecia sofrer pelas crises de seus pais e nem pela indecisão de sua mãe. 


- O que você quer, Adrian?
- Quero saber o que aconteceu.
- Bom, falei com a mamãe e ela disse que o papai saiu.
- E quando ele volta? Eu quero que ele leia o livro para eu dormir.


- Vou ligar para ele e perguntar.
- Avisa ele que eu já estou com soninho.
- Está chamando, vou avisar.
- Avisa logo, avisa!


- Alo, pai! 
- Deixa eu falar com ele!
- Não, ele desligou o celular.
- Como assim? Eu queria falar com ele.


- Acho que o papai não vai voltar para casa.
- Ele foi embora?
- Eles vão se separar, eu sei!- levou as mãos ao rosto.
- Não chora, irmãzinha.


Vitor voltou, mas parou na porta ao escutar Melissa falar ao telefone.

- Não sei o que fazer, Bruno. Nós brigamos e ele saiu de casa, nem sei que horas ele volta!


- Não Bruno! Acho melhor você desistir, não posso ficar com você, a minha filha já está sofrendo com tudo isso, não quero mais complicação! Sabe o que aconteceu? Ela ameaçou fugir de casa se eu me separar do Vitor, acredita?!


- É, ele deixou eu trabalhar, amanhã passo aí para conversarmos melhor. Vou desligar porque logo ele deve chegar e não quero que ele me veja falando com você, senão ele pode ficar com ciumes se descobrir tudo e eu já estou cansada de brigar.


Na mesma hora em que Melissa desligou o celular, Vitor entrou. Estava surpreso com o que ouviu e não conseguir disfarçar, a encarava muito, mas ela estava distraída, se olhando no espelho.

- O que foi, Vitor?
- Voltei, você nem percebeu, não é?


- Percebi sim, e já estava preocupada com você.
- Ah é mesmo? Você estava me esperando?
- Estava, até a Isabela estava.
- Bom, então, acho que não vou mais sair assim.


- Quero me desculpar pelo tapa na sua cara, eu estava nervosa.
- Quer saber? Esquece, nem doeu mesmo.
- Ainda bem. Vitor, não quero mais brigar com você.
- É, nem eu com você, minha linda.


- Eu amo quando você toca o meu rosto desse jeito.
- Eu sei. Estava sentindo a sua falta, muita falta.

Vitor puxou o corpo de Melissa, beijando-a desesperadamente. Não desperdiçar a chance de sentir o calor de seu corpo novamente, por uma simples desconfiança.


Seus corpos se uniram na banheira, e a cada toque, um arrepio, como sempre. Sentiam que ainda se desejavam e muito, apesar de tudo, era quase incontrolável resistir, mesmo assim, Vitor observava cada reação de Melissa, precisava ter certeza de que era com ele que ela estava na banheira se entregando, mas ao mesmo tempo não queria nem pensar nisso.


Vitor sempre lia historias, mas essa noite Adrian não aguentou esperar e acabou dormindo, depois de chorar com a sua irmã, por achar que Vitor não voltaria para casa.


- Papai! Você voltou?!
- Nunca deixei voces e nem vou deixar, meu anjinho.
- O Adrian já dormiu, então, conta uma historia para mim, papai.
- Claro, linda, escolhe o livro e eu leio pra você.


Vitor leu o livro que Isabela mais gostava, e depois que ela adormeceu, beijou seu rosto e se despediu. 


- Eles já dormiram? 
- Sim, e tive que ler para a Isabela pegar no sono.


- Amanhã eu vou passar no salão e dizer que aceito o trabalho, só estavam aguardando a minha resposta. 
- Precisa passar lá? Voce não pode só ligar? 
- É que eu quero dizer pessoalmente e mostrar interesse. 
- Sei... então, faça como quiser. 


5 comentários:

  1. Legal, Pri, sou a primeira a comentar!
    Amo "Medo de Amar" e estarei acompanhando a série nesta segunda temporada com certeza! bjos

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    Respostas
    1. Legal *o*
      Obrigada, devo sempre postar aqui antes de atualizar na Kachu =)
      Bjs <3

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  2. Estou com dó das crianças, pq mesmo que os pais não digam elas sentem o ambiente! Acho que as cças são mais sensitivas do que a gente, creio que vamos perdendo essa essência conforme vamos crescendo.

    Essa relação da Mel com o Bruno está bem esquisita, né?! Ela está traindo o Vitor?

    Prih, tentarei sempre comentar aqui também, viu?
    bjos

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  3. Elas sentem porque criança é sensível demais!
    Está mesmo, mas nem posso contar o que está acontecendo mesmo, vou deixar voces descobrirem hehe.
    Ah si, pode comentar, responderei sempre que ver, até porque, eu costumo atualizar aqui primeiro pra depois colocar na Kachu =)
    Bjs <3

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  4. Olá Priscila! Sou a Karen, da Kachu sims, lembra de mim? como estão as coisas? Entre em contato comigo e mande um ALô...

    Beijos, e saudades.

    becareful666@bol.com.br

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